A maioria dos catadores de materiais recicláveis do DF tinha como local de trabalho o Lixão da Estrutural, o qual oferecia riscos à saúde desses trabalhadores devido a falta de condições adequadas de trabalho. Após o fechamento do lixão em 2018, os catadores se organizaram em cooperativas e passaram a trabalhar nos centros de triagem. Com isso, o objetivo deste estudo é estimar o perfil sociodemográfico, as condições de trabalho, percepção de risco e acidentes de trabalho dos catadores dos centros de triagem da cidade Estrutural/DF, tendo em foco a promoção da saúde e prevenção de acidentes de trabalho. Entre setembro de 2019 e março de 2020, o Programa de Extensão “Pare, Pense e Descarte” da Universidade de Brasília, Faculdade de Ceilândia, realizou entrevistas com auxílio de um questionário para coleta de dados relacionados às questões sociodemográficas e condições de trabalho dos catadores, além disso, foram realizadas Oficinas de Saúde para promoção de saúde e prevenção de acidentes de trabalho. Foram entrevistados 253 catadores, sendo o perfil sociodemográfico desses trabalhadores caracterizado por maioria do sexo feminino (57,31%), com faixa etária entre 41 e 50 anos (29,64%), autodeclarados pardos (60,47%) e solteiros (62,06%). A maior parte (93,28%) informou trabalhar de 5 a 8 horas por dia, usar equipamentos de proteção individual (95,65%), ter contato com lixo em decomposição (90,12%) e ter contato com embalagens de produtos químicos (61,66%). Quanto à percepção de risco, a maior parcela dos entrevistados (92,49%) informou estar exposto a materiais perfurocortantes, haver risco de atropelamento (57,31%) e de sofrer acidente no local de trabalho (76,28%). Somente 45,45% afirmaram ter sofrido algum acidente de trabalho, sendo 80% desses acidentes cortes ou perfurações. Apesar dos centros de triagem ser local de destinação de materiais recicláveis, foi possível identificar o descarte incorreto do lixo, fato esse que se configura em alto risco de contaminação para esses trabalhadores. É importante levar em conta o risco que acidentes com perfurocortantes trazem a saúde dos catadores, pois, além do ferimento em si, há grandes chances de ocorrer contaminação por agentes etiológicos. Diante disso, as Oficinas de Saúde realizadas foram importantes ferramentas de educação em saúde visando evitar acidentes e diminuir os impactos gerados pelo trabalho de catação.