O presente trabalho relata uma experiência de extensão universitária, intitulada Educação e Organização Popular, desenvolvida pelo Terra Prometida, bairro oriundo de uma ocupação urbana em Cuiabá, e professores e estudantes da UFMT. O bairro teve seu início em 2010, quando cerca de 300 famílias ocuparam uma área do estado, irregularmente ocupada por uma empresa privada de mineração. Seguiram-se tentativas de reintegração de posse e despejo das famílias, com novas reocupações do mesmo espaço. As condições atuais seguem precárias, com casas do tipo “barraco”. As ruas são de terra, e tanto a luz quanto a água são obtidas por meio de “gato”. Mas o bairro está em processo de regularização de posse pelas famílias. O caminhar com a comunidade tem se dado a partir dos princípios da Educação Popular Freireana, a qual compreende que somente um encontro dialético e dialógico permite a construção do processo de humanização e conscientização que deve abarcar a todas as pessoas envolvidas. O trabalho desenvolvido tem como horizonte o fomento à autonomia e à auto-organização da comunidade. Até o momento as atividades realizadas foram a construção de uma horta comunitária, visando trabalhar a autonomia e a segurança alimentar. Como metodologia, realizamos reuniões semanais que se iniciam com a leitura e debate de textos sobre organização popular e sobre os alimentos plantados na horta. Essas reuniões têm servido como momento de problematização e reflexão, além de espaço de encontro da própria comunidade. Como desafios, citamos a pobreza extrema vivenciada pela maior parte das pessoas da comunidade, as quais faltam às atividades acordadas em virtude da necessidade de garantir sua sobrevivência imediata; a rotatividade dos membros da comunidade e a própria dinâmica relacional e vivencial da comunidade, por vezes permeada por violências e relações assimétricas de poder e dominação e, por fim, a própria ausência da universidade, do Estado e de políticas públicas básicas no território.