Universidade Federal de Mato Grosso

CONEXÃO ARAGUAIA: FORMAÇÃO E INTERVENÇÃO EM GINÁSTICA

1MINEIA CARVALHO RODRIGUES,2MINEIA CARVALHO RODRIGUES,3Antônio Carlos da Silva Bhering,4Gabriella Gonçalves Mendes da Silva
1BOLSISTA DE EXTENSÃO,2ORIENTADOR,3BOLSISTA DE EXTENSÃO,4BOLSISTA DE EXTENSÃO
mineiacr76@gmail.com

RESUMO

Este resumo tem por objetivo apresentar dados de uma ação de extensão universitária iniciada no ano de 2019 no Campus Universitário de Araguaia em Barra do Garças-MT. O trabalho desenvolvido visa integrar o Campus Universitário do Araguaia à comunidade, proporcionando conhecimento e aperfeiçoamento na área de ginástica aos alunos do curso de Educação Física. Propõe-se, por intermédio desse trabalho, fazer uma alerta para a importância da prática da ginástica escolar. Buscamos, assim, enfatizar os aspectos motores, sociais e culturais da mesma, neste caso especificamente da ginástica geral, que representa no nosso entender, a ginástica mais flexível e participativa, que permite uma maior interação social entre os praticantes, variedade e liberdade de movimentos, propiciando aos alunos uma forma diferente de exercitar o corpo e, principalmente, possibilita a eles interpretar suas próprias ações por meio da ginástica. Utilizamos, para isso, atividades lúdicas e motivantes, desmistificando-se o caráter de competição da ginástica para assim, realizar um trabalho prazeroso, explorando toda a habilidade natural que a criança possui, permitindo, dessa forma, uma prática gímnica significativa para os participantes da mesma.Existem diferentes definições de ginástica geral, entretanto, elas baseiam-se no conceito já estabelecido pela FIG (Federação Internacional de Ginástica). Para melhor denominar a ginástica geral e poder conceituá-la, é relevante esclarecer a forma pela qual esse termo surgiu na FIG. Segundo Ayoub (1999), o termo Ginástica Geral foi criado no final da década de 1970 e início da década de 1980, referindo-se às atividades de ginástica fora do âmbito da competição. Assim, o professor Jean Willisegger da Suíça, presidente do Comitê Técnico de Ginástica Geral da FIG, em 1995, afirma ter sido complicado elaborar um nome que abrangesse o caráter particular da ginástica geral, como sendo uma atividade corporal destinada à participação de todos, sendo essa a melhor maneira de expressar essa idéia da ginástica em geral e também por possuir uma fácil tradução para outros idiomas. A ginástica geral traduz a diferença entre uma ginástica não competitiva e a ginástica competitiva e esportivizada. A ginástica geral retrata a manifestação cultural de cada povo, priorizando suas tradições e respeitando suas características. Fiorin (2001) tem o mesmo ponto de vista de Souza (1999), afirmando que a prática da ginástica geral permite uma interação da atividade gímnica com outros elementos da cultura corporal, tais como a dança, os jogos, o esporte e outros, usando todos estes para formar suas composições coreográficas. Além disso, ela pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, independentemente do sexo, raça ou condição social. Conforme os conceitos já apresentados, Souza e Chaparim (2001) definem a ginástica geral como uma atividade gímnica não competitiva, sem normas e padrões pré-estabelecidos. Possui uma característica tão abrangente que permite a seus praticantes a vivência de inúmeras experiências motoras, ao passo que utiliza diferentes conteúdos, como a dança, ginásticas, lutas e jogos adaptados em diversos temas, estilos, ritmos, músicas, materiais e vestimentas. De acordo com Toledo (1999), por mais que existam algumas divergências ou incertezas na conceituação e compreensão da ginástica geral, é possível elencar as características que são consideradas fundamentais, como: não ter competição, número irrestrito de participantes, pode ou não utilizar materiais oficiais ou alternativos, possui elementos da ginástica, da dança e da cultura brasileira, socializa aqueles que participam, seu processo para a composição coreográfica valoriza as potencialidades individuais, bem como a criatividade e a democracia na elaboração de movimentos, sendo seu processo tão importante quanto seu produto final, que é a coreografia. Relacionando essas características da ginástica geral, os autores citados possuem opiniões convergentes, pois demonstram uma linha de pensamento semelhante, e apresentam, por meio destas fundamentações teóricas, várias possibilidades de utilizar a ginástica geral, visto que ela pode ser utilizada em diferentes lugares e por todas as pessoas que se disponibilizem a praticá-la. Devido a grande abrangência caracterizada pela ginástica geral fica muito difícil delimitar seu campo de ação. Para Santos (2001), apesar de a ginástica geral ser reconhecida pela FIG como uma modalidade de ginástica, ela não deve ser compreendida exclusivamente dessa forma, devido a sua característica de mesclar e utilizar outras modalidades, fazendo um processo de recriação das mesmas e, de acordo com suas propostas, a ginástica geral transforma-se numa atividade que pode ser trabalhada em diferentes contextos. Do mesmo modo que a ginástica geral se traduz como uma prática corporal flexível à participação de todos, ela age num espaço aberto a novos elementos, livres para diferentes formas de combinações, transformando o ambiente rico e criativo. Diante do que foi abordado, devemos considerar a ginástica geral sem estabelecer fronteiras, ela não apresenta uma delimitação e não pode ser colocada em uma ou em outra área do conhecimento. A ginástica geral pode ser vista como um conjunto de formas e conteúdos da cultura corporal, associados à ginástica de maneira livre e espontânea. É possível observar que o desenvolvimento da ginástica geral no Brasil teve início na década de 1980. Segundo Ayoub (2003), esse período foi marcado pela oficialização do (Departamento de Ginástica Geral) na CBG (Confederação Brasileira de Ginástica). O presidente da CBG, professor Fernando Augusto Brochado e o professor Carlos Roberto Alcântara de Rezende assumiram a diretoria do DGG da CBG e foram os principais impulsionadores do movimento de expansão da Ginástica Geral no Brasil. Segundo a mesma autora, a partir da década de 1980, alguns fatos importantes podem ser assinalados como referenciais importantes para compreensão da expansão da Ginástica Geral no Brasil, e são: Festivais de Ginástica Geral, realizados anualmente desde 1982, em Ouro Preto, o qual foi oficializado em 1985 como Festival Nacional de Ginástica Geral; estruturação na CBG do Departamento de Ginástica Geral em 1984; organização de dois cursos internacionais de Ginástica Geral pela CBG, como um programa para difundir esta modalidade; realização dos Festivais de Ginástica e Dança da Faculdade de Educação Física da UNESP/Rio Claro; aumento da divulgação e participação de grupos brasileiros na World Gymnaestrada, sendo estas iniciativas promovidas pelo Departamento de Ginástica Geral da CBG. Posteriormente, na década de 1990, de acordo com o mesmo referencial, podemos elencar alguns acontecimentos que foram fundamentais para permitir ainda mais a divulgação da Ginástica Geral no Brasil, como: em 1990, a realização da VII Gymnasiada Americana em Mogi das Cruzes/SP; um aumento da participação do Brasil nas Gymnaestradas Mundiais; continuidade e novas iniciativas de festivais por todo país, como o FEGIN, que continuou até 1992, logo após o GYMRASIL substituindo o FEGIN; festivais de Ginástica e Dança até 1994; criação em 1993 do GINPA (Festival Paulista de Ginástica); e os Festivais Internos de Ginástica Geral da FEF-UNICAMP, organizados a partir de 1996. Rezende (1999) afirma que, por ser o Brasil um país com grande potencial criativo, visto a infinidade existente de movimentos corporais e ritmo, este ambiente rico estimula a prática da Ginástica Geral, pois esta não impõe limites, nem referências de movimento, materiais ou acompanhamento rítmico, ao contrário, ela visa à originalidade e se dispõe da diversidade cultural de cada povo. E ainda com relação ao desenvolvimento da ginástica geral no Brasil, Ayoub (2003), ressalta a participação do trabalho do Grupo Ginástico da UNICAMP, constituindo-se como uma referência nacional e até internacional na área da Ginástica Geral. De acordo com a mesma autora, não se deve negar o marco inicial do desenvolvimento da Ginástica Geral no Brasil, com uma grande colaboração institucional da FIG. No entanto, os profissionais devem estar além dos interesses institucionais e promover trabalhos de Ginástica Geral que realmente atuem mediante as características da mesma, permitindo diversas possibilidades de utilizar a Ginástica Geral, diante da diversidade cultural do Brasil. A Educação Física é uma disciplina que trata pedagogicamente na escola do conhecimento da cultura corporal, que se configura na forma de temas como jogo, esporte, ginástica, dança, lutas, dentre outros. Todos estes conhecimentos são construções históricas, fazem parte da cultura humana, são patrimônios universais, os quais todos deveriam ter direito. Todavia o que podemos verificar é que nas aulas de Educação Física existe o predomínio de apenas alguns temas da cultura corporal como os jogos esportivos (voleibol, basquete, futebol dentre outros), frequentemente o que se encontra é a negligência com relação aos demais temas da cultura corporal como a dança, ginástica, lutas. Ayoub (2003) aborda um dos temas mais negligenciados na escola é a ginástica que, raramente está presente na escola. No entanto, a importância da ginástica como conhecimento a ser estudado na Educação Física escolar é inquestionável, uma vez que a ginástica respeita a individualidade da criança em relação aos seus valores pessoais e à sua bagagem motriz e cultural. A Ginástica é uma modalidade que favorece a expressão do movimento como mostra Santos (2001) citado por Moraes, Molla e Gasparino (2003), é um elemento muito importante na formação básica dos indivíduos, além de ser parte integrante da educação da sociedade em geral. Para Souza (1999), ela é uma manifestação da cultura corporal que reúne as diferentes interpretações da ginástica, integradas às demais formas de expressão do ser humano de forma livre e criativa. Tem como característica proporcionar a prática da ginástica sem fins competitivos para um número diversificado de crianças, promovendo uma gama infinita de experiências motoras, além de estimular a criatividade, o prazer no movimento, o resgate da cultura de cada povo, sendo desta forma, plenamente adequada à Educação Física escolar e comunitária. A prática da ginástica também é defendida por Glomb e Fuggi (2001), em sua análise sobre a realidade das escolas, nos mostra a importância da utilização da ginástica para o desenvolvimento pessoal e social da criança, como a consciência do corpo, do tempo, do espaço, do ritmo, expressão corporal e artística, atuando na comunicação e interpretação do aluno. Abordando temas que explorem elementos da cultura corporal e desse modo promovam também a interação social e cultural das crianças. Como relata Ayoub (2003), aprender a ginástica na escola significa estudar, vivenciar, conhecer, compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar, aprender a inúmeras interpretações da ginástica para, com base nesse aprendizado, buscar novos sentidos e significados e criar novas possibilidades de expressão gíminica. Como pudemos perceber a presença da ginástica na escola se faz necessária, na medida em que a tradição histórica do mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as novas formas de exercitações entram em confronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem sentido próprio aos seus próprios movimentos ginásticos. O que pretendemos nesta pesquisa é abrir reflexões sobre os conteúdos que vem sendo trabalhados nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental do Município de Barra do Garças. Através de nossas reflexões pretendemos trazer para as aulas de Educação Física do Município uma gama de movimentos presentes no universo gíminico permitindo que as crianças tenham contato com um tema da cultura corporal que é frequentemente negligenciado no âmbito escolar. Acreditamos que através desta pesquisa poderemos abrir outras perspectivas educacionais na iniciação desportiva em Barra do Garças. Através dos conhecimentos da Ginástica Rítmica Desportiva, Ginástica Artística e Ginástica Geral pretendemos aproximar o município do cenário desportivo nacional, uma vez que o universo da ginástica vem ganhando ênfase no meio esportivo nacional e internacional. Nossa intenção é ampliar os conhecimentos na área de Educação Física escolar, contribuindo assim com a melhoria do ensino fundamental em Barra do Garças.

PALAVRAS-CHAVE

GINÁSTICA, ESCOLA,