Na área da moda, a tendência é entendida como indícios que uma cultura projeta e que podem ser captados como comportamentos e preferências futuras, os quais serão em certa medida, assimilados pela indústria da moda. Veículos de comunicação segmentados nessa área, tais como Vogue, FFW e BoF, têm apontado que as tendências em moda entraram em uma nova ruptura, na medida que marcas clássicas como Balenciaga têm adotado em suas produções características de vestimentas das massas, deixando de buscar inspirações apenas nas elites econômica e social. O presente estudo objetiva analisar a coleção do estilista Demna Gvsalia, apresentada na coleção de primavera-verão do ano de 2018, a qual, no estilo denominado pós-soviético, trata a simbiose entre o socialismo e o capitalismo, com influência dos uniformes do proletariado. Para esta pesquisa foi composto um acervo documental de 04 artigos de opinião e 54 fotografias publicadas na edição americana da revista Vogue (BORRELLI-PERSSON, 2018; MAGUIRE, 2018; MENKES, 2018; MOWER, 2018) A partir destes dados foi realizado o estudo analítico-descritivo (MARTINS, 2004) da produção de Gvsalia, a fim de compreender como o sistema da moda se inspira em diferentes estruturas estéticas, tais como a operária e a burguesa, para comunicar a estética do luxo e do estilo. Percebe-se que a trilha da moda recorre ao apelo da estética pelos gostos da burguesia, em que se decide o que é estiloso ou não (SIMMEL, 2008). Conclui-se que a moda parte do princípio de coletividade e identidade, mas, no que se refere ao trabalho, ela é um pensamento e uma situação de ordem das massas, assim como um canal comunicativo, que dita o que é mais usado no cotidiano e seu ordenamento mescla a estética do belo com a responsabilidade do trabalho, como um produto para todos.